‘A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.’
Oscar Wilde
Em dois anos de blog nunca publiquei opinião. Não por não a ter, que tenho-a acerca de muitos assuntos, mas porque esta ‘gaveta’ serve apenas para guardar palavras de que gosto.
No entanto hoje apeteceu-me quebrar a regra e soltar os dedos nas teclas, para agarrar ao papel algumas considerações que me inquietam… todas sobre as pessoas à minha volta.
Parece-me que, cada vez mais, as pessoas só se relacionam umas com as outras - mais ou menos - consoante maior ou menor for o interesse, pelo lucro ou benefícios que daí possam advir. (Já eu relaciono-mo com várias pessoas que não me interessam rigorosamente para nada e, no entanto, gosto delas.)
Outra questão que me inquieta tem a ver com o facto das pessoas, serem incapazes de verem os outros crescerem sem se roerem de inveja… regozijando-se, no entanto, por verem os ‘amigos’ mirrarem.
Será ingenuidade acreditar que ainda existem pessoas que nutrem bons sentimentos e têm sensibilidade pelas coisas simples da vida?
'Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!'
Alberto Caeiro
(Mais uma pessoa de Fernando Pessoa)