‘Não há dois tempos iguais de solidão porque nunca se está só da mesma maneira.’
Henri Bosco
'Um pai, bem na vida, querendo que o seu filho soubesse o que é ser
pobre, levou-o a passar uns dias com uma família de camponeses. O menino
passou 3 dias e 3 noites a viver no campo. No carro, voltando para a cidade,
o pai perguntou-lhe:
- Como foi a tua experiência?
- Boa, - responde o filho, com o olhar perdido à distância.
- E o que aprendeste? - Insistiu o pai.
O filho respondeu:
- Aprendi o seguinte:
1 - Que nós temos um cão e eles têm quatro;
2 - Que nós temos uma piscina com água tratada, que chega
até à metade do nosso quintal. Eles têm um rio sem fim, de água cristalina,
onde há peixinhos e outras belezas;
3 - Que nós importamos candeeiros do Oriente para iluminar o
nosso jardim, enquanto eles têm as estrelas e a lua para iluminá-los;
4 - O nosso quintal chega até ao muro. O deles chega até ao
horizonte;
5 - Nós compramos a nossa comida, eles cozinham-na;
6 - Nós ouvimos CD's... Eles ouvem uma perpétua sinfonia de
pássaros, periquitos, sapos, grilos e outros animaizinhos... tudo isto, às
vezes, acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho que trabalha a sua
terra;
7 - Nós usamos microondas. Tudo o que eles comem tem o
glorioso sabor do fogão a lenha;
8 - Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com
alarmes... Eles vivem com as suas portas abertas, protegidos pela amizade
dos seus vizinhos;
9 - Nós vivemos 'ligados' ao telemóvel, ao computador, à
televisão. Eles estão 'ligados' à vida, ao céu, ao Sol, à água, ao verde do
campo, aos animais, às suas sombras, à sua família...
O pai ficou impressionado com a profundidade do seu filho e então o
filho terminou:
- Obrigado, pai, por me ter ensinado o quanto somos pobres!'
(d.a.)